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Doença silenciosa : Câncer no Ovário


Setenta e cinco porcento dos diagnósticos acontecem em estágio avançado da doença e, por isso, é alta a taxa de mortalidade.

O câncer de ovário é mais comum em mulheres acima de 40 anos.O câncer de ovário não é uma doença rara, ao contrário do que muita gente pensa. Ele é apenas menos comum que o de mama e o de colo de útero, por exemplo.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que 250 mil novos casos surjam anualmente no mundo e a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) no Brasil é de 5.680 novos casos por ano(ultima pesquisa 2017).

Por outro lado, é a neoplasia ginecológica mais letal: 140 mil mulheres morrem a cada ano. O que é importante saber sobre a doença de diagnóstico difícil e que, nos Estados Unidos, é chamada de ‘assassino silencioso’?

A oncologista Angélica Nogueira para alertar a população feminina sobre os primeiros sinais e sintomas da doença. Informação é a estratégia fundamental para favorecer o diagnóstico precoce, ampliar as chances de cura e aumentar a taxa de sobrevida com a garantia da qualidade de vida. Para se ter uma ideia do quão difícil é detectar esse tumor ginecológico, 3/4 dos cânceres no ovário já estão em estágio avançado quando acontece o diagnóstico. “A alta mortalidade está diretamente relacionada à dificuldade em se diagnosticar a doença. O ovário tem espaço para crescimento e esse aumento de volume acontece de forma indolor, a mulher não sente. Entre o início da doença e o aparecimento dos sintomas podem se passar meses”, alerta.


Outra dificuldade, segundo a médica, é que esses sintomas são inespecíficos. “Não é como o câncer de útero que a mulher sangra. São sinais que se confundem com outras doenças”, diz. Por essa razão, conhecer os sintomas é extremamente importante. “A partir do momento que as mulheres têm a informação e se conscientizam da gravidade do câncer de ovário, elas podem ajudar médicos a detectarem a doença”, afirma. A recomendação é: sentiu que alguma coisa está fora do habitual, é importante dar ênfase à queixa. “A forma como a paciente relata os sintomas influencia no retorno do especialista. É importante dizer, por exemplo, que o corpo nunca funcionou daquela maneira”, sugere Angélica Nogueira.

Os sintomas do câncer de ovário são:

aumento do volume abdominal/inchaço contínuo
dificuldade de comer/sensação de saciedade/falta de apetite/sensação de empanzinamento
dor abdominal ou pélvica
necessidade frequente e urgente de urinar
menstruação desregulada
alteração no hábito do intestino
náusea


“É muito comum que esteja errado o primeiro diagnóstico que a mulher recebe. Os sintomas são geralmente confundidos com outras doenças ginecológicas, do trato urinário ou gastrointestinais”, explica a oncologista. É importante ter em mente, entretanto, que um sinal isolado não é motivo para alarde. Segundo Angélica Nogueira, os indícios precisam ser persistentes em pelo menos uma semana. 






Identificação do tumor


“O primeiro passo para diagnosticar o câncer de ovário é lembrar da doença. E isso vale tanto para o paciente quanto para o médico. Geralmente, se de boa qualidade, um exame de imagem - ultrasson, tomografia ou ressonância magnética – pode gerar a suspeição do diagnóstico”, pontua a oncologista.

Em seguida, um exame de sangue pode ajudar a fortalecer a suspeita. Geralmente, de acordo com a Angélica Nogueira, a maioria das pacientes com câncer de ovário tem o CA-125 aumentando. “O CA-125 é um marcador tumoral”, explica.

Só que o diagnóstico conclusivo vem com a biópsia. “Idealmente deveria ser feita por um ginecologista oncológico porque em caso positivo a cirurgia é realizada no momento que o tumor é confirmado”, reforça.

Rastreamento da doença
Ao contrário do câncer de mama e do câncer de colo de útero que têm protocolos consolidados de rastreamento da doença – como a mamografia e o papanicolau respectivamente -, no caso do de ovário, segundo Angélica, nenhum método testado se mostrou eficaz. “O que os estudos dizem é que fazer de rotina exames seriados de imagem ou de CA-125 não reduz a mortalidade populacional”, explica a oncologista.

No entanto, a especialista afirma que três estudos internacionais com mais de 100 mil mulheres em cada um deles estão sendo realizados neste momento e que a expectativa é de resultados promissores para que seja desenvolvido um método de rastreamento do câncer de ovário.

Entre 10 e 15% dos casos da doença são de origem hereditária. “A origem familial deve ser motivo de atenção. Mulheres que têm histórico familiar de casos repetidos de mama e/ou ovário, história de câncer de mama bilateral em um indivíduo da família e homem na família com câncer de mama devem se atentar para a síndrome do câncer hereditário”, salienta Angélica.

Para ela, se a mulher se enquadra em alguma dessas situações, a paciente deve procurar a avaliação de algum oncologista ou oncogeneticista. “Se a paciente se encaixa nesse grupo, há benefício de se fazer o CA-125 e exames de imagens intercalados a cada seis meses. Estudos mostram, que, nesses casos, o rastreamento tem impacto significativo na redução da mortalidade por câncer de ovário e mama”, diz a médica.

Dentro desse grupo, ela também indica o teste para verificar a mutação de gens BRCA, como é o caso de Angelina Jolie. “O National Comprehensive Cancer Network (NCCN), importante órgão dos Estados Unidos que orienta condutas médicas, indica que toda paciente com câncer epitelial de ovário seja submetida à testagem da mutação em BRCA devido ao grande impacto positivo para a própria paciente e para a família dela”, reforça Angélica. A médica diz que essa é uma determinação recente que ainda não é de conhecimento de toda a comunidade médica brasileira.





A dificuldade em se diagnosticar o câncer de ovário é a razão para as altas taxas de mortalidade: 140 mil ao ano

Avanços


O câncer de ovário é tema de intenso foco de estudo mundo afora tanto para o desenvolvimento de métodos eficazes de rastreamento que diminua a taxa de mortalidade quanto de pesquisas focadas em tratamentos. Angélica Nogueira diz que novas medicações estão sendo lançadas. No Brasil, a Anvisa aprovou a entrada de um medicamento (o bevacizumabe) que é um inibidor da formação de novos vasos sanguíneos e seria um tratamento alternativo à cirurgia e quimioterapia convencional. “Estudos sobre esses novos medicamentos mostraram bons resultados de sobrevida livre de progressão da doença e melhora da qualidade de vida no estágio inicial, recidivado e avançado”, diz Angélica.

A taxa de sobrevida é de cinco anos entre 60 e 70% dos casos com o tratamento habitual. No entanto, a boa notícia, segundo a especialista, é que pacientes recém-diagnosticados já se beneficiarão das novas tecnologias que estão sento incorporadas ao tratamento. “A quimioterapia é muito efetiva na primeira fase da doença. A maioria das mulheres já apresentam resposta no tratamento inicial. Se diagnostica em estágio precoce, a combinação cirurgia e quimioterapia cura 30% das delas”, diz.

Câncer de ovário do tipo epitelial é mais comum em mulheres acima de 40 anos. Nas mais jovens, os tumores são do tipo germinativos e, nesses casos, é mais fácil preservar um dos ovários. “A maioria dos casos de câncer de ovário é do tipo epitelial e, nessa condição, é preciso retirar os dois ovários na maioria das pacientes”, reforça a médica.

Por aqui, está sendo criado o Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), do qual a médica Angélica Nogueira é a presidente. INCA, UFMG e ICESP são algumas das instituições que fazem parte do EVA. “A intenção é divulgar as formas de prevenção e de tratamento e realizar pesquisas de câncer ginecológico na população brasileira sul-americana”, resume a presidente.


Fotos : Tua Saúde

Obesidade está matando cada vez mais no Brasil

O número de brasileiros mortos por complicações diretamente relacionadas à obesidade triplicou em um período de dez anos, no País, revela levantamento inédito feito pelo Estadão Dados com base em informações do Datasus. Em 2001, 808 óbitos tiveram a doença como uma das causas. Em 2011, último dado disponível, o número passou para 2.390, crescimento de 196%.

O aumento também foi significativo quando considerada a taxa de mortos por 1 milhão de habitantes. No mesmo período de dez anos, a taxa dobrou. Foi de 5,4 para 11,9, segundo dados do Ministério da Saúde.

Os dados levam em consideração as mortes nas quais a obesidade aparece como uma das causas no atestado de óbito. Segundo especialistas, como o excesso de peso é fator de risco para diversos tipos de doenças, como câncer e diabete, o número de vítimas indiretas da obesidade é ainda maior.

"As causas mais comuns de morte relacionadas à obesidade são as doenças cardiovasculares, como o enfarte e o acidente vascular cerebral (AVC). Sabemos, porém, que ela também está relacionada a muitos outros problemas, como apneia do sono, insuficiência renal e vários tipos de câncer", afirma o endocrinologista Mario Carra, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Segundo o Ministério da Saúde, o aumento das mortes é um reflexo da "epidemia de obesidade" registrada hoje no País. "Outros países viveram isso primeiro, com alto consumo de alimentos industrializados e sedentarismo. O Brasil, ainda que mais tarde, está vivendo agora. Pesquisas feitas anualmente pelo ministério mostram que a obesidade e o sobrepeso têm aumentado muito", afirma o secretário de Atenção à Saúde do ministério, Helvécio Magalhães.

O último levantamento da pasta mostrou que mais da metade dos adultos brasileiros tem sobrepeso e pelo menos 17% da população está obesa.

Há dois meses, o aposentado Angelino Pires de Moraes, de 86 anos, tornou-se mais uma vítima do excesso de peso. Com 100 quilos e pouco menos de 1,80 de altura, ele sofreu um enfarte dentro de casa e morreu na hora. "Ele tinha colesterol alto e hipertensão. O médico já tinha avisado que o coração estava obstruído por gordura, mas ele não mudava a alimentação", conta o barbeiro Sérgio Buscarino de Moraes, de 50 anos, filho do aposentado. "Meu pai era teimoso e piorou depois que a minha mãe morreu, há cinco meses. Ficou deprimido e passou a cuidar menos da saúde", diz.

Medidas. Para especialistas, não é só a mudança de hábitos dos brasileiros que aumentou a mortalidade por obesidade. De acordo com Marcio Mancini, chefe do grupo de obesidade e síndrome metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo, as políticas públicas de prevenção e tratamento devem ser aprimoradas. "Não se faz prevenção em unidades básicas de saúde. Há o tratamento para diabetes, colesterol, hipertensão, mas pouco se faz para barrar o ganho de peso. Essa mesma preocupação deveria existir nas escolas", afirma ele.

De acordo com o especialista, quanto mais cedo se instala a obesidade, mais cedo a pessoa pode morrer. "Se uma pessoa já tem obesidade mórbida com 20 anos e permanece assim, a doença vai encurtar a vida desse paciente em 12 anos", diz ele.

Para Maria Tereza Zanella, endocrinologista da Unifesp, é preciso mudar os hábitos desde a infância. "As crianças vivem em apartamento, jogam videogame e comem produtos industrializados. São alimentos que têm um sabor agradável e as crianças vão se acostumando, mas isso deve ser evitado", diz ela.

Além da prevenção falha, os médicos apontam estrutura insuficiente para o tratamento da obesidade. "O SUS não oferece o tratamento medicamentoso, e os centros de referência para cirurgia bariátrica não dão conta da demanda", diz Mancini.

Em março, pelo menos 3 mil obesos de várias regiões do Brasil lotaram o ginásio da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para passar por triagem em busca de cirurgia bariátrica. A fila de espera tem 2 mil pessoas.


Fonte : Google
Foto : BBC