O QUE É A PLACENTA?
Órgão ligado à parede interna do útero materno e conectado ao feto por meio do cordão umbilical
Permite a passagem de materiais nutritivos e oxigênio do sangue da mãe para o do feto
Dióxido de carbono e resíduos nitrogenados eliminados pelo feto são transportados pelo cordão umbilical de volta para a placenta
Após o parto, contrações adicionais empurram a placenta para fora do útero.
No caso de partos por cirurgia cesariana, a placenta é retirada do útero pelo médico
Afinal, comer placenta é mesmo bom para a saúde?
Em anos recentes, estrelas de cinema e outros famosos foram manchete nos jornais ao anunciarem que pretendiam comer a placenta após o nascimento de seus filhos - entre eles, o ator americano Tom Cruise.
A prática vem sendo adotada por muita gente e já há empresas oferecendo serviços nessa área.
Algumas levam o produto para ser desidratado e colocado em cápsulas para que possa ser ingerido pela mãe.
Não há, no entanto, evidências científicas sobre os benefícios de comer a placenta.
Batalha Legal
Órgão vascular que une o feto à parede do útero materno, permitindo a passagem de materiais nutritivos e oxigênio para o sangue do feto e a eliminação de dióxido de carbono e resíduos nitrogenados, a placenta é um dos subprodutos do parto e, na maioria dos casos, é descartada após o nascimento do bebê.
Defensores da "placentofagia" argumentam que o órgão - ensanguentado e com aparência que muitos considerariam repulsiva - contém muitos nutrientes e pode ser um alimento precioso para a mãe no momento em que ela se recupera do parto e se prepara para amamentar o bebê.
Algumas mulheres estão optando por beber uma vitamina de placenta algumas horas após o parto. Outras cortam um pedaço do órgão para colocá-lo sobre a gengiva.
Elas dizem estar convencidas de que a prática lhes dá uma injeção de energia, pode aumentar a produção de leite e até prevenir a depressão pós-parto.
A empresa Independent Placenta Encapsulation Network (IPEN) oferece treinamento e serviços nessa área. Ela cobra cerca de US$ 250 para transformar a placenta em cápsulas e US$ 40 por uma vitamina de placenta.
Mas, nesse momento, a companhia aguarda a decisão de um tribunal sobre um processo que pode resultar no seu fechamento.
Em outubro do ano passado, uma autoridade local no condado inglês de Hertfordshire, o Dacorum Borough Council, proibiu a IPEN de oferecer seus serviços alegando estar preocupada com os riscos de contaminação do produto por bactérias.
O caso ainda está sendo avaliado.
Depoimentos
Charlie Poulter, da cidade de Reading, nas imediações de Londres, está convencida de que beber um pedaço de placenta do tamanho da palma de sua mão batido com frutas silvestres e banana lhe deu energia após o parto.
"Bebi rápido, porque não queria ficar pensando muito no assunto", ela disse.
"Mas tinha acabado de empurrar um bebê para fora de mim na presença de várias pessoas. [Beber a vitamina de placenta] parecia algo tão insignificante diante do que eu acabara de passar".
Charlie, com 30 anos de idade, estava recebendo tratamento para depressão quando ficou grávida. Ela temia desenvolver depressão pós-parto.
"Nunca tinha ouvido falar sobre 'encapsulamento de placenta' antes, mas descobri que isso poderia ajudar na depressão pós-parto".
"Estava disposta a tentar qualquer coisa e meu marido me disse que mesmo se tivesse apenas um efeito placebo, não importava, não ia fazer mal".
A IPEN sugeriu que Charlie discutisse o assunto com a parteira.
Um especialista foi enviado ao hospital para preparar a vitamina de placenta logo após o parto. O parto aconteceu em junho de 2011.
A placenta restante foi colocada em uma geladeira portátil e levada pelo especialista da IPEN para ser desidratada e colocada em cápsulas, que foram entregues a Charlie dias após o parto.
Outro pedaço da placenta foi imerso em álcool para que fosse feita uma tintura. Charlie disse que toma gotas da tintura seguindo o princípio de remédios como os Florais de Bach, ou "Rescue Remedy".
"Minha filha Lilian foi minha primeira, então, não tenho base para comparações, mas tive muita energia", contou. "Meu marido estava mais cansado do que eu".
Charlie conta também que não desenvolveu depressão pós-parto e está certa de que "foi a placenta". Hoje, faz parte do grupo de especialistas que trabalham para a IPEN.
Mundo Animal
Os seres humanos são minoria no que diz respeito à prática de comer a placenta após o nascimento do bebê.
À exceção de mamíferos marinhos e de alguns domesticados, todos os outros mamíferos consomem os subprodutos do parto.
Na China, há uma crença de que a placenta teria propriedades curativas e placenta desidratada é usada em alguns remédios tradicionais. No mundo ocidental, no entanto, a prática é bem mais recente - e polêmica.
Em 1998, um canal de televisão da Grã-Bretanha foi repreendido pela autoridade que regula o conteúdo de transmissões no país após exibir um programa em que a placenta de uma mulher foi servida como patê pelo chef Hugh Fearnley-Whittingstall.
O órgão foi frito com cebola e alho, flambado, transformado em purê e servido com pão para 20 parentes e amigos da mãe.
A Broadcasting Standards Commission disse que o programa tocava em um assunto tabu e desagradou muitos telespectadores.
Decisão da Mãe
Até hoje, não foi feito um estudo científico com grupos de controle para descartar a possibilidade de um efeito placebo e estabelecer com certeza se a ingestão da placenta traria, ou não, benefícios para seres humanos.
No ano passado, a University of Nevada, na cidade de Reno, Estados Unidos, entrevistou mulheres que haviam comido suas placentas. Muitas relataram benefícios, mas, segundo os pesquisadores, mais estudos são necessários.
O Royal College of Midwives (RCM), uma faculdade britânica de parteiras, disse que não há evidências suficientes para que o RCM adote uma posição, contra ou a favor, da prática da placentofagia.
Mas a porta-voz do RCM, Jacque Gerrard, disse: "Nossa posição é a de que se uma mãe quer manter sua placenta, a escolha é dela e devemos auxiliá-la".
Ela acrescentou que, se por um lado tem havido mais relatos de mulheres que desejam manter sua placenta, não se pode afirmar que houve "um aumento real" no número de casos porque eles não estão sendo monitorados.