Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrou que os novos casos de infecção pelo HIV caíram 38% nos últimos doze anos no mundo, mas cresceram 11% nos últimos oito anos entre os brasileiros. De acordo com dois especialistas ouvidos pelo site de VEJA, os dados referentes ao Brasil merecem atenção.
"Os jovens hoje não viram a epidemia que aconteceu há trinta anos e se esqueceram da importância de usar o preservativo. Precisamos trabalhar com eles, especialmente com os homossexuais, e fazer com que a sociedade permita que eles exerçam sua sexualidade de forma segura", diz Georgiana Braga, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids).
Para o infectologista Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP e médico do Hospital Sírio-Libanês, as estratégias de combate à aids sempre podem melhorar. "Uma campanha de camisinha no carnaval não atinge todos os públicos. É preciso ter políticas para grupos específicos, como homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo", afirma.
Crescimento relativo — Com relação à comparação com o resto do planeta, os dois especialistas concordam que os dados devem ser relativizados. "A queda global aconteceu principalmente em regiões como a África Subsaariana, que estava atrasada em relação à redução da epidemia de aids. O Brasil já havia apresentado essa diminuição entre o fim dos anos 1980 e o começo dos anos 1990", afirma Georgiana Braga.
Já Esper Kallás diz que, enquanto alguns países africanos têm prevalência de infecção por HIV de 12%, no Brasil a estimativa é de 0,4%. "O nosso combate mais efetivo contra a doença aconteceu há mais tempo, então não podemos dizer que o Brasil vai de mal a pior, mas sim que a epidemia enfrenta diferentes fases de acordo com cada país".
Público de risco — Estima-se que, atualmente, cerca de 720.000 brasileiros vivam com infecção pelo vírus da aids, número que representa quase metade dos casos da América Latina e 2% do total registrado no mundo. Em 2013, aproximadamente 15.000 pessoas morreram no Brasil por complicações da doença, 7% a mais do que em 2005.
De acordo com o relatório da ONU, a maior prevalência de novas infecções pelo HIV na América Latina aconteceu entre os homossexuais. No Brasil, 11% dos homens gays vivem com o vírus da aids.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que homossexuais passem a tomar antirretrovirais para prevenir o contágio do vírus. De acordo com a entidade, esse grupo tem um risco dezenove vezes maior de ser infectado do que o resto da população. A indicação de antirretrovirais para evitar a doença ainda não é permitida no Brasil. Segundo Esper Kallás, mais estudos são necessários para que a abordagem seja incluída na prática clínica.
No Brasil, a campanha Atitude Abril, idealizada pela Editora Abril, usa a informação como estratégia para combater o crescimento da epidemia de infecção pelo vírus da aids. Por meio de revistas, sites e redes sociais, a campanha discute com o público específico de cada veículo diversos aspectos da doença, do científico ao social. A iniciativa também inclui a campanha publicitária “Desinformação tem cura”, que conta com o apoio de personalidades como Neymar e Anderson Silva.
A campanha realizará uma pesquisa sobre o conhecimento da população brasileira em relação à aids, o comportamento sexual das pessoas no país e as principais barreiras que a doença impõe aos doentes atualmente. O levantamento está sendo feito pela internet e qualquer pessoa pode participar.
Para Georgiana Braga, fazer com que informações sobre a doença cheguem ao público ajuda a combater o HIV por melhorar a conscientização sobre formas de prevenção da infecção; incentivar as pessoas a fazerem o teste que diagnostica o vírus, ampliando o acesso ao tratamento; e ajudar a reduzir o preconceito da sociedade em relação à doença. "O mais interessante da campanha Atitude Abril é falar com um público-alvo específico, pois a linguagem usada por um adolescente é diferente da de uma dona de casa. Isso ajuda as pessoas a entenderem melhor a doença e a mudar comportamentos", diz Georgiana.
COMO SE PREVEIR? CAMISINHA
Mesmo que muitas coisas já tenham sido ditas sobre o seu uso, as pessoas ainda são resistentes a fazerem da camisinha um hábito.
Ninguém vem com um rótulo de segurança máxima, assim, mesmo em relações consideradas estáveis, seu uso é fundamental na prevenção de várias doenças sexualmente transmissíveis, pois mesmo quando não há sintomas visíveis, são potencialmente contagiosas. É certo que AIDS não tem cara. Se antes havia grupo de risco, hoje não há mais. Atualmente o maior grupo de risco existente é aquele que se acredita imune.
Temos por hábito esquecer que o parceiro tem passado e que as doenças têm janelas imunológicas. Não podemos deixar de lado as consequências do sexo desprotegido. Esse é um assunto de saúde pública. Há dúvidas sobre quem batizou a camisinha. Há quem acredite que o nome condom é devido a uma homenagem ao Dr. Quondam, que com bastante sucesso em 1685 inventou uma camisinha com tripa de animal. Outros dados históricos mostram que o nome vem do latim (condus) que significa receptáculo.
O certo é que a camisinha não é uma invenção nova. Aparece na história da sexualidade antes mesmo de Cristo. Já foi feita de linho, de pele, intestino de diferentes animais e de bexiga de cabra. A camisinha de tripa de boi, por exemplo, foi usada até 1870, quando foi fabricado o preservativo de borracha pelo inglês Charles Goodyear: grossos, reaproveitados, pouco aderentes, desiguais e caros. Pouco tempo depois, no final do século 19, o látex surgiu, permitindo um aspecto mais fino e confortável, parecida com as que são utilizadas hoje em dia. Na década de 60, acabou em desuso pela invenção do anticoncepcional oral feminino, mas em 90 ele retorna devido à epidemia de AIDS. Vale lembrar que as doenças venéreas recebem esse nome devido à crença antiga de que era um castigo da deusa do amor, Vênus.
A forma de preservação contra elas mais conhecida e utilizada é o preservativo de látex masculino capaz de formar uma barreira física entre o pênis e a vagina. Eles podem ser lubrificados ou revestidos de espermicidas. Existe uma variedade de marcas, tamanhos, cores e texturas. Com ele, diferentemente dos outros métodos, os homens podem se encarregar na prevenção de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e gravidez. Como é um método de anticoncepção ocasional, seu uso pode ser interrompido em qualquer momento. Não apresenta efeitos colaterais hormonais e há homens que garantem que ela ainda ajuda a controlar a ejaculação.
Há também a opção da camisinha feminina: uma bolsa de plástico com um anel leve e flexível em cada extremidade, que se adapta à vagina, resguardando o colo do útero e genitália externa. Assim como a masculina impede a passagem do esperma pelo do trato genital feminino e deve ser usada somente uma vez.
É mais cara do que a masculina e vem em embalagem com duas unidades e sua eficácia na prevenção de DSTs e gravidez é menor do que a camisinha masculina. As vantagens no seu uso são que a camisinha feminina pode ser posta antes da relação sexual e não precisa ser retirada imediatamente após a ejaculação. Não é feita de látex, é mais resistente e para mulheres que se queixam de alergia a camisinhas masculinas essa pode ser uma alternativa.
Independentemente de amar e ser amado, é preciso ter carinho consigo e usar camisinha. Ao compartilharmos afeto é essencial a prevenção de qualquer mal. Sexo inconsequente e sem segurança é irresponsabilidade com o outro e consigo.
É preciso deixar de lado o preconceito, e entender a necessidade da conscientização e democratização do seu uso. Sexo é responsabilidade e saúde. E para isso, algumas coisas não podem ser deixadas de lado.
E lembre-se: camisinha é descartável. Sua vida não.
Ninguém vem com um rótulo de segurança máxima, assim, mesmo em relações consideradas estáveis, seu uso é fundamental na prevenção de várias doenças sexualmente transmissíveis, pois mesmo quando não há sintomas visíveis, são potencialmente contagiosas. É certo que AIDS não tem cara. Se antes havia grupo de risco, hoje não há mais. Atualmente o maior grupo de risco existente é aquele que se acredita imune.
Temos por hábito esquecer que o parceiro tem passado e que as doenças têm janelas imunológicas. Não podemos deixar de lado as consequências do sexo desprotegido. Esse é um assunto de saúde pública. Há dúvidas sobre quem batizou a camisinha. Há quem acredite que o nome condom é devido a uma homenagem ao Dr. Quondam, que com bastante sucesso em 1685 inventou uma camisinha com tripa de animal. Outros dados históricos mostram que o nome vem do latim (condus) que significa receptáculo.
O certo é que a camisinha não é uma invenção nova. Aparece na história da sexualidade antes mesmo de Cristo. Já foi feita de linho, de pele, intestino de diferentes animais e de bexiga de cabra. A camisinha de tripa de boi, por exemplo, foi usada até 1870, quando foi fabricado o preservativo de borracha pelo inglês Charles Goodyear: grossos, reaproveitados, pouco aderentes, desiguais e caros. Pouco tempo depois, no final do século 19, o látex surgiu, permitindo um aspecto mais fino e confortável, parecida com as que são utilizadas hoje em dia. Na década de 60, acabou em desuso pela invenção do anticoncepcional oral feminino, mas em 90 ele retorna devido à epidemia de AIDS. Vale lembrar que as doenças venéreas recebem esse nome devido à crença antiga de que era um castigo da deusa do amor, Vênus.
A forma de preservação contra elas mais conhecida e utilizada é o preservativo de látex masculino capaz de formar uma barreira física entre o pênis e a vagina. Eles podem ser lubrificados ou revestidos de espermicidas. Existe uma variedade de marcas, tamanhos, cores e texturas. Com ele, diferentemente dos outros métodos, os homens podem se encarregar na prevenção de DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e gravidez. Como é um método de anticoncepção ocasional, seu uso pode ser interrompido em qualquer momento. Não apresenta efeitos colaterais hormonais e há homens que garantem que ela ainda ajuda a controlar a ejaculação.
Há também a opção da camisinha feminina: uma bolsa de plástico com um anel leve e flexível em cada extremidade, que se adapta à vagina, resguardando o colo do útero e genitália externa. Assim como a masculina impede a passagem do esperma pelo do trato genital feminino e deve ser usada somente uma vez.
É mais cara do que a masculina e vem em embalagem com duas unidades e sua eficácia na prevenção de DSTs e gravidez é menor do que a camisinha masculina. As vantagens no seu uso são que a camisinha feminina pode ser posta antes da relação sexual e não precisa ser retirada imediatamente após a ejaculação. Não é feita de látex, é mais resistente e para mulheres que se queixam de alergia a camisinhas masculinas essa pode ser uma alternativa.
Independentemente de amar e ser amado, é preciso ter carinho consigo e usar camisinha. Ao compartilharmos afeto é essencial a prevenção de qualquer mal. Sexo inconsequente e sem segurança é irresponsabilidade com o outro e consigo.
É preciso deixar de lado o preconceito, e entender a necessidade da conscientização e democratização do seu uso. Sexo é responsabilidade e saúde. E para isso, algumas coisas não podem ser deixadas de lado.
E lembre-se: camisinha é descartável. Sua vida não.