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Para a sua saúde, deixe seu carro em casa

Além da irritação, perda de tempo, estresse, despesa pessoal com combustível, consumo das reservas energéticas globais, risco de acidentes e da insegurança, mais um fator pode ser acrescido à lista de desvantagens ao se utilizar o automóvel para ir e voltar ao trabalho. O sedentarismo, induzido pelos longos períodos de inatividade física nas viagens diárias casa-trabalho-casa, aparece como um componente importante no desenvolvimento da obesidade em centros urbanos.

A obesidade é um dos principais fatores de risco para uma série de doenças crônicas que lideram as causas de morte prematura em todo o mundo, entre elas as doenças cardiovasculares, a diabete tipo 2 e vários tipos de cânceres. Por outro lado, a atividade física, seja sob a forma de exercício regular e sistematizado, ou a simples atividade proporcionada pela movimentação do corpo no dia-a-dia, exerce um papel importante na prevenção dessas doenças, inclusive no desenvolvimento da obesidade. O transporte passivo, caracterizado pela entrada no carro na garagem de casa (ou muito próxima a ela) e a saída no estacionamento do trabalho (e vice-versa), tem sido apontado como um dos principais responsáveis pelo estilo de vida sedentário e pouco saudável das cidades.

Um trabalho científico foi estruturado por pesquisadores da área para determinar se a promoção de modos ativos de locomoção, como caminhar ou pedalar por parte ou por todo o trajeto de deslocamento casa-trabalho-casa, ou mesmo usar o sistema de transporte público (pois exige atividade para ir até a parada ou estação), influenciam os marcadores biológicos de obesidade (peso, índice de massa corporal e percentagem de gordura corporal). A pesquisa foi publicada online na edição de 19 de agosto da revista médica British Medical Journal. Foram avaliadas mais de sete mil pessoas no Reino Unido. Mais de 70% dos participantes iam ao trabalho dirigindo seu carro.




Em torno de 10% usavam transporte público e de 14 a 17% caminhavam ou pedalavam até o trabalho. Os que dirigem seus carros têm peso maior e maior percentagem de gordura corporal. A avaliação do índice de massa corporal indicou que essa diferença chega a 3 Kg para homens e de 2,5 Kg para mulheres. Isso é um valor elevado, considerando o fato que ir de carro foi um fator independente de outros, já que os dados foram ajustados para evitar possíveis erros de análise entre os grupos (como idade, tipo de alimentação, renda familiar, atividade no trabalho, etc.).

Esses resultados indicam que uma locomoção ativa para o trabalho se traduz em um maior nível de atividade física diária, com as suas consequências positivas sobre a saúde, inclusive ficar mais magro. Então, mexa-se!