Uma das estratégias para tentar reduzir a incidência desta doença é a prevenção. Nas últimas décadas vários estudos epidemiológicos têm sugerido que uma dieta saudável é um fator crítico na prevenção do câncer de mama, e a gordura na dieta é um dos fatores mais estudados. Se por um lado a gordura saturada (presente nas carnes vermelhas) parece estar associada a um aumento de risco, a gordura polinsaturada produziria uma redução no risco de câncer de mama. Porém, os resultados dos estudos observacionais em humanos são inconsistentes. Ou seja, os resultados não são confirmados por pesquisas subsequentes.
Um novo estudo foi publicado no último dia 27 de junho na revista médica inglesa British Medical Journal utilizando uma revisão sistemática da literatura científica sobre o assunto e aplicando sobre o conjunto de resultados já publicados uma metodologia chamada de meta-análise, que compila e analisa o conjunto dos resultados, com uma abordagem estatística específica, conferindo à análise um maior poder. Pois esta pesquisa concluiu que uma alta ingestão de gordura encontrada em alguns tipos de peixes (salmão, sardinha e atum, principalmente) está associada a uma redução de 14% do risco das mulheres desenvolverem câncer de mama num período de 20 anos.
Este tipo de estudo não tem capacidade de demonstrar uma relação causa-efeito, e o possível mecanismo de ação é somente uma especulação, na qual as gorduras polinsaturadas (PUFA) ajudariam a regular a atividade de moléculas envolvidas no crescimento das células, impedindo o desenvolvimento do câncer.
Um fator importante da pesquisa é que os autores puderam estabelecer uma relação dose-resposta entre o consumo de peixe e a redução do risco. Para cada 0,1 g/dia das gorduras polinsaturadas consumidas há uma redução de 5% no risco de câncer de mama. Segundo os pesquisadores, isto corresponde a 1 a 2 porções destes tipos de peixe por semana.
Considerando que a ingestão destes tipos de peixe está associada a outros benefícios à saúde, que a oferta desses peixes tem aumentado no país a preços razoáveis (principalmente da sardinha e do atum), parece valer a pena investir na introdução deste hábito alimentar em nossas famílias como um fator de prevenção de doenças.
Autor: Dr. Gilberto Sanvitto - ABC da Saúde
Foto : ABC da Saúde